sábado, 22 de setembro de 2007

Minha infância

A infância é sem dúvida a melhor fase da vida. A gente faz tudo o que dá vontade, sem ponderações, sem se preocupar com o que o outro vai pensar. Faz por que deu vontade, por que aquilo vai te fazer bem, sem saber se é certo ou errado. Mas sempre é certo para nós.
É a fase em que há imaginação para tudo. Quem teve infância, já teve um amigo imaginário. Eu tive. Era um menino americano loirinho. O nome? Bom, é muito complicado, acho que só existe mesmo a pronúncia. A gente brincava muito e competia bastante. Quem sempre ganhava? Eu. Lógico. Mas ele não se chateava. Era muito bom brincar com ele. E conversar também. Ele me era todo ouvidos. Ele aparecia sempre quando eu queria, e desaparecia quando eu tava de saco cheio. Ele me entendia. Hoje ele não existe mais, mas é incrível como a imaginação toma proporções quase reais. O seu rosto ainda é nítido na minha mente.
Não teve criança que não inventou brincadeiras. A sua brincadeira. A sua maneira de brincar. Eu era maloqueira de rua. E isso era o melhor. Era metida a vendedora também. Fiz mesinha pra alugar gibis. Fiz perfume de mato e coloquei em frascos velhos. O preço era amigo: 1 real. Levei muita queda de patins, bicicleta, carrinho de rolimã e afins. Os joelhos eram pretos de viver no chão. Nem lembro de estudar nessa época... Agora – não muito tempo depois – meu passatempo é filosofar em frente ao computador. Arrumar umas palavras de forma meio besta e relembrar os velhos tempos. É, hoje estou nostálgica. Mas pelo menos tenho o que relembrar e isso é o que muitas vezes te sustenta. Chega, isso já ta virando um saudosismo insuportável. Até outro dia, com um humor mais agradável. Hasta la vista.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

3 minutos

O médico, sentado à cabeceira da cama disse:
- Lamento muito, mas você só tem 3 minutos.
As palavras pareceram chicotear em seu rosto, mas logo em seguida veio uma calma absoluta. O que fazer com 3 minutos restantes de sua vida? Nada parecia absurdo. Tudo já não dava mais. De repente lhe vieram bobagens à mente. Os e-mails que recebera ao longo da vida. Muitos diziam para aproveitá-la ao máximo, não deixar para o amanhã o que se podia fazer hoje, que talvez não houvesse tempo para dizer palavras doces ou realizar um sonho... Pensou também como o tempo estava passando rápido naquele ano... Mas parou de pensar. Que bobagem! Estava morrendo, oras! 2 minutos. Apenas 2 minutos. Pensou nas pessoas queridas. Nenhuma delas ali. Certamente ninguém imaginaria que estava morrendo agora. Não sentiu tristeza, um pouco de medo, talvez. O que lhe esperaria? Faltava um minuto para saber. Então olhou para o médico ao seu lado. Ele nada falava, lhe fazia um silêncio em respeito. Ele se esforçara com tanto empenho para lhe deixar viva... Era a única pessoa que estava partilhando o momento mais importante de sua vida.
Ela nunca se perguntara o que faria se tivesse somente três minutos de vida e agora não sabia o que fazer.
- Eu te amo.
O médico pareceu surpreso. Ela o amava? Não! Era a primeira e última vez que o estava vendo. Mas queria fazer de seu último minuto o mais belo. Ela tivera a oportunidade de escolher o que fazer com seu último minuto de vida. As suas últimas palavras foram as mais simples e mais belas. Ela era privilegiada. Quem sabe sua história não viraria um e-mail? O QUE VOCÊ FARIA SE TIVESSE APENAS 3 MINUTOS DE VIDA? Riu da sua própria piada e se foi.