
É a fase em que há imaginação para tudo. Quem teve infância, já teve um amigo imaginário. Eu tive. Era um menino americano loirinho. O nome? Bom, é muito complicado, acho que só existe mesmo a pronúncia. A gente brincava muito e competia bastante. Quem sempre ganhava? Eu. Lógico. Mas ele não se chateava. Era muito bom brincar com ele. E conversar também. Ele me era todo ouvidos. Ele aparecia sempre quando eu queria, e desaparecia quando eu tava de saco cheio. Ele me entendia. Hoje ele não existe mais, mas é incrível como a imaginação toma proporções quase reais. O seu rosto ainda é nítido na minha mente.
Não teve criança que não inventou brincadeiras. A sua brincadeira. A sua maneira de brincar. Eu era maloqueira de rua. E isso era o melhor. Era metida a vendedora também. Fiz mesinha pra alugar gibis. Fiz perfume de mato e coloquei em frascos velhos. O preço era amigo: 1 real. Levei muita queda de patins, bicicleta, carrinho de rolimã e afins. Os joelhos eram pretos de viver no chão. Nem lembro de estudar nessa época... Agora – não muito tempo depois – meu passatempo é filosofar em frente ao computador. Arrumar umas palavras de forma meio besta e relembrar os velhos tempos. É, hoje estou nostálgica. Mas pelo menos tenho o que relembrar e isso é o que muitas vezes te sustenta. Chega, isso já ta virando um saudosismo insuportável. Até outro dia, com um humor mais agradável. Hasta la vista.